Entre tantas histórias de superação, a de Salomão Petra Bittencourt, também se destaca- atleta amazonense de 54 anos, criado no Rio de Janeiro (RJ), soropositivo, ex-dependente químico, ele veio do Rio com ajuda de amigos e parceiros, e conseguiu concluir a prova do Iron Man 70.3 em Florianópolis (SC).


Salomão completou a prova com 20 minutos de atraso (o limite era de 20h), mas não por isso mereceu menos destaque que o campeão norte-americano. O diretor da prova, Carlos Galvão, estava lá na “chegada” esperando Salomão para colocar a medalha no peito desse também campeão, desse também “Ironman”.
“O nosso limite está muito além do que somos capazes. E o Ironman é uma das coisas que eu pensava que eu não era capaz”.

Sua história emociona e traz uma série de reflexões, principalmente para quem ama o esporte. Batemos um papo com atleta e conhecemos uma história de vida carregada de superação e exemplo de vida. Confira:
A dependência química
Viveu no mundo das drogas por mais de 30 anos, passando por todos os tipos de drogas e injetáveis, chegando a descobrir que estava com o vírus HIV, onde pensou até em suicídio -“Foi uma época de auto-destruição. Se eu não entrasse na vibe do esporte, hoje eu já estaria morto, porque eu usava muita droga. Me escondia embaixo da cama porque achava que vinha gente me matar dentro de casa, crises de pânico, eu fui pro Inferno, atravessei o espelho da realidade”, declara emocionado Salomão.
Encontrando um novo rumo de vida
Foi quando começou a trabalhar como motorista, ainda dependente químico, que uma nova fase estava por vir. Foi alertado por uma amiga médica que se continuasse com o vício, os medicamentos para o tratamento do HIV, não teriam efeito, somente assim resolveu tomar um novo rumo de vida. Dessa forma, Salomão conseguiu dar um basta no vício e finalmente, aos 47 anos, resolveu reformular seus hábitos de vida, encontrando uma nova maneira de viver, - entrou para o Conselho Estadual Antidrogas (CEAD) e para o Narcóticos Anônimos. Foi aí que sua vida começou a mudar.
O esporte como fator de mudança
"O esporte é o maior transformador de vida do ser humano".

Logo, Salomão começou a fazer caminhadas e retomou a natação (seu esporte preferido e que praticava na infância) no Clube de Regatas Vasco da Gama e em 2011 conseguiu realizar a sua primeira prova de longa distância, a “Travessia dos Fortes”, de Copacabana ao Leme. Devido alguns problemas de estrutura no clube, ele acabou se afastando novamente do esporte, porém logo em 2012 foi levado por um amigo para continuar os treinamentos no Tijucas Tênis Clube, localizado na zona norte do Rio.
Com a competição nas provas de natação, logo foi apresentado ao triatlon e a vontade de fazer um Ironman não saia da mente.Nesse mesmo ano, sua vida pessoal também ganha vida, quando conhece sua esposa Lucimar Souza, que o acompanha e é uma de suas maiores incentivadores do esporte e na vida.

O Instituto Renascer das Águas
Continuou com as provas e logo foi ganhando popularidade e virando referência para pessoas que assim como ele no passado, buscam ajuda e conselhos com o atleta. Assim, em 2013, Salomão cria o Instituto filantrópico “Renascer das águas”, localizado no Engenho Novo, zona do Rio de Janeiro e que tem como missão de resgatar o dependente químico e elevar a auto-estima do soropositivo, através da inclusão social. Hoje tem uma parceria muito próxima com a Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro, através do secretário Felipe Bornier, em eventos realizados no Estado e está em busca de aprovação do projeto frente a Lei de Incentivo ao Esporte.
Agradecimentos
Entre os amigos e parceiros que o ajudaram a vinda para Florianópolis, ele destaca o amigo José Carlos Azevedo, seu maior incentivador, uma espécie de apoiador das aventuras no esporte de Salomão. Barcelos, entrou com a bike e o Clube de regatas Vasco da Gama arcou com a estadia e translado de bicicleta (Salomão é atleta do clube) e o Dr. Fábio Machado Monteiro arcou com as despesas de transporte aéreo.
“Só dá valor a claridade quem veio da escuridão!”
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